terça-feira, 30 de setembro de 2008
caixinha de recordação
E de repente veio uma vontade de abrir o guarda-roupa e pegar aquela caixinha onde estava guardada uma grande parte sua vida, ela que sabia que lendo tudo que estava lá talvez pudesse entender por que resolveu ser assim, sentia medo, então continuou deitada se controlando para não levantar, ficou horas lá, até que foi vencida pelo sono.E no outro dia, a menina não conseguia tirar a caixinha da cabeça e nem as palavras que um padre disse a ela, ela queria entender, temia, mas queria entender o que ela mesma já sabia, então ao anoitecer quando todos na casa estavam dormindo ela levantou-se da cama e foi rumo ao guarda-roupa, sentiu vontade de desistir, mas continuou, e com a caixinha em mãos começou a lembrar, foi desfazendo o nó e lembrando -se do dia que resolveu dar um fim aquela caixa, na verdade a menina queria ter enterrado-a, mas como não pôde amarrou uma corda ao seu redor, e foi aquela corda que a impediu de abrir durante anos.Começou lendo orações, novenas que foram feitas e guardadas, a menina um dia precisou disso e em vão confiou desesperadamente nessas orações, mas agora ela não sentia raiva, sentia um aperto no coração,e antes que esse sentimento pudesse mudar ela pegou um grande envelope e lá encontrou o que tanto procurava, lá estava as palavras do padre, do jeito que ele havia falado, e ele tinha razão, agora ela lembrava de tudo que já havia escutado, ela sempre se deixou levar pelas pessoas, ela não era dela, talvez sua vida fosse mais dos outros do que dela mesma. Ela tinha tanto medo, sentia que não conseguiria e não poderia falar o que realmente sentia, é como se ela não pudesse lutar pelo que queria por que as pessoas achavam que não era o certo, e assim ela fez, e para não guardar tudo só pra ela começou a escrever, e lá estavam em minhas mãos às cartas, trinta e seis cartas que jamais foram lidas. A menina sentiu raiva vendo aquelas cartas, agora não tinha mais o que fazer com elas, era tarde para alguém ler, era tarde, e mesmo assi, ela que chorava sabia que se pudesse fazer diferente teria feito tudo igual, aquele medo ainda era dela, ela ainda precisava dos outros para lhe dizer o que é o certo.E ela que agora compreendia uma das frases daquele padre “você é uma águia e luta com se fosse um passarinho", nada podia fazer, nada queria fazer.
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4 comentários:
Essa menina podia ter sido feliz.. podia ter usado essa caixa pra lembrar de todas as coisas que ela não mudou, mas que ainda podia mudar!!
Podia usar para ver onde era fraca e, lá se fazer forte!!
Podia se apegar em Deus e não nas orações e, mais do que nunca, acreditar naquilo que ela é e não nas palavras e influências de outras pessoas...
Ainda dá pra ela ser feliz.. basta saber usar a caixinha da maneira que mais lhe fortaleça...
Mais uma vez a menina precisa do ponto de vista de alguém: do padre.
Talvez fosse melhor que ela olhasse para a caixinha e, ao invés de ter medo ou pensar no que os outros acham daquilo, enxergasse através dela o quanto Deus foi bom lhe proporcionando a oportunidade de amar sem medidas e de ensinar aos outros o que é generosidade.
Uma vez eu te disse isso, acho que num depoimento no orkut, não sei, que você tinha me dado um dos maiores exemplos que já tive de amor ao próximo. Talvez essa tenha sido a missão desse acontecimento. Você aprendeu e ensinou amar sem medidas e ele aprendeu e ensinou a lutar como um guerreiro. Por mais triste que pareça, é digno de um final de filme lindo.
O melhor conforto existente é aquele que Clarice afirma ao final da sua crônica:
"Ele não está morto dentro de você"
Vai viver pra sempre dentro da sua memória e nas lembranças dos verdes anos de sua vida.
Amo você.
Beijo!
Só abri minha "caixinha" no dia em que a vida me deu uma rasteira, aí sim precisei juntar os cacos que sobraram de min, precisei me refazer, a caixinha foi muito importante pois la estavam todos os fragmentos de minha vida como peças de um quebra-cabeças.
Bandonô, é?
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